(Minha homenagem na pessoa do Edmundo, responsável pela minha “6-F”).
Dorme bem e acorda disposto,
Assim é Zé Pegureiro, já de pé.
Asseia-se, veste-se e recomposto,
Olha a paisagem e ora em sinal de fé.
Da sua cotidiana e árdua faina
Dependem tantos na vida rural,
Veste-se firme com sua andaina,
Segue o mugido vindo lá do curral.
Do gado ansioso conhece a rotina,
Separando os bezerros das lactantes,
E aos outros bovídeos ainda examina,
Saudando o reprodutor de ar ofegante.
A bezerrada movimenta-se faminta,
Procurando das tetas que lhe destina,
Sugar o leite precioso que ela consinta,
Sua provedora, numa ritualística bovina.
A vaca se doa e o bezerro alimenta,
E mais lácteo é usado para o humano,
Agora é pastejo e o gado se movimenta
Para pascer no tradicional costume sitiano.
E a boiada dócil e obediente perfila,
Segue em linha para um campo fornido,
Vai saciar-se de água, nesse rumo desfila,
Seguindo ordeira ao som de berrante ruído.
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Apascentam-se ávidos os animais,
E, entre eles, muito mais que pastor,
Passeia o touro, vigilante aos demais,
Apto a reagir ao perigo, como defensor.
Todos lhe rendem o respeito,
Pois isto é regra dessa criação,
Que há um senhor, aquele, o eleito,
Protetor do rebanho e da reprodução.
Mas, o conjunto precisa do humano,
É ele um forte, o incansável pegureiro,
Que cuidando zeloso como um suserano,
É dele o dever da segurança de boiadeiro.
Achega-se o Zé à inquieta manada,
Montado garboso no seu ágil cavalo,
Acaricia-o e galopa em missão acabada,
Vai para o lar, banhar-se, jantar em seu regalo.
Sonhos da noite, de desejos singelos,
Tendo a natureza e a sua companheira,
Para os afagos e a continuação desses elos,
Numa vida feliz, num paraíso, a sua maneira.
Belém-Pa., 19 de junho de 2011.
Fernando Sousa.