Fernando Antônio Santos de Sousa
Foi numa noite linda que te revi,
Quando buscava meus acalantos,
Com a lua em rútilo plenilúnio, então sorri,
Inspirando-me a proclamar os teus encantos.
Curumu, obra da natureza e cartão,
Feito pelo pincel em quadro d’ouro,
Com mágicas e coloridas luzes do verão,
Um contexto ímpar e feliz desembarcadouro.
Como fundo uma paisagem de morro,
Circundado do verdeal da esperança,
Onde aves sonorizam gorjeio ou pedem socorro,
Harmonizando o delicado e o fero, em eterna dança.
É possível ouvir dos grandes arvoredos
O som da guariba ou ver os ágeis símios,
O grasnar das araras, periquitos e passaredos,
Numa grande sinfonia anunciando solos opímios.
As águas fecundas de piscosa riqueza,
São fontes de alimento e sadio prazer,
Em tudo o retoque do Artista superior, a singeleza,
Mas com a perfeição a exigentes olhos. Como crer?
Mas eu, amigos, eu vi, tudo desta descrição!
Sem querer mais, apenas dividir, eis o desafio:
Visite o Lago de Ypacaraí, como ecoa na bela canção,
Cante as guaranias, dance e participe de todo o amavio.
Mas retorne, repare, compare e declare a glória,
Despindo da naturalidade passional e em apogeu,
Diante de um espelho, como das fadas conta a estória,
Pergunte: “Existe um rincão mais prodigioso que o meu?”
A este surpreendente questionamento, a resposta:
O silêncio. Pois na surpresa, isto sempre acontece.
A tradução: Não, não existe! É óbvio para quem gosta.
Conheça! Acredite no jargão: “Só se ama o que se conhece.”
Ponhamos ouvidos atentos ao rouco apelo da brisa,
Com a mensagem que clama aos bardos e menestréis,
“Cantem sua aldeia, que o mundo canta também”, é divisa,
Que o coração da gente na “Cidade Presépio”, é de lar e hotéis.
Eu vou murmurando: O lago azul mais belo que eu vi
Está perto, bem perto, é na terra do peixe-maná, o jaraqui.
Se eu correr muitas terras, ver vales e serras, e andar por aí,
Mas é do meu chão que sinto saudade, pois foi lá onde eu nasci.