Fernando Sousa
A brisa veio me sussurrar
Que na “Aquarela” tapajônica
Uma cena poética e sinfônica
Sucedia com a plateia de um lar.
Essa peça do palco da vida
De Emir e Berenice acontecia:
Ele subia, porém ela permanecia
Para velar pela descendência querida.
O céu de anil descia ao rio,
Dando mais cor ao Tapajós
Num sublime gesto de amavio
Àquele colóquio que ocorria a sós.
E ele falou:
“Enquanto ficas só,
E eu me vou sozinho,
A saudade tecerá o ninho
E serás mãe, pai e mais avó.
Que cuides de nossa prole
Com tua sabedoria de amar,
Pois junto ao Senhor vou orar
Que o ubíquo tempo nos console.
E nós com nossa saudade,
Mas também com o nosso amor,
Façamos daquela que seria a dor
Um jardim p’ra nossa posteridade.”